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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Ver o fundo aos fundos

João Gonçalves 6 Jun 13



«Sem reflexão estratégica, com os torrenciais fundos de milhões de euros por dia, ganhou evidentemente o voluntarismo táctico, que rapidamente se entregou à orgia do betão, e que teve no cavaquismo a sua década ilusoriamente triunfante. Esqueceu-se então, de vez, o interior, os recursos naturais, o mar, a ferrovia. E esqueceu-se, mais uma vez, a massa cinzenta, a escola, a formação, a investigação, a cultura, a criatividade, a exportação, o mundo. Ganharam os lobbies, a preguiça, a corrupção e o chico-espertismo. Mas construíram-se freneticamente casas, piscinas, rotundas, pavilhões de todo o género, e imensas autoestradas. Aqui, até batemos recordes europeus e mundiais em construção de quilómetro por habitante ou por percentagem no PIB. Autoestradas que, para lá da realização mais emblemática do regime, se tornaram na verdadeira metáfora do acesso à nossa tão proclamada como vazia modernidade. E a ilusão europeia manteve-se até ao final da década passada. Só então, com os abalos da crise do euro, e com o impacto das suas consequências, é que se começou a perceber as oportunidades que entretanto se tinham perdido, e os meios que se tinham desperdiçado. E não adianta agora fingir que não se sabia. Seja por hipocrisia ou ignorância, isso só serve talvez para se tentar recuperar uma inocência que permita que tudo, no futuro, continue rigorosamente na mesma. É isso que é de temer, quando se olha para os tão reclamados novos fundos europeus (quase 28 mil milhões de euros) para o período 2014/2020, e não se conhece ainda um único projecto de envergadura.»

 

Manuel Maria Carrilho, DN

1 comentário

De Valdemar Rodrigues a 07.06.2013 às 12:41

Então o Dr. MMC não conhece nenhum "grande projecto" nacional? Por amor de Deus, então ele não sabe que o TGV é "irreversível", e com ele a nova travessia do Tejo e o NAL? Só isto dá para torrar mais do dobro dos fundos que aí vêm. A questão é saber onde irá o "Estado soberano" buscar o dinheiro ´necessário para as suas comparticipações... Deve ser por isso que é tão importante, e urgente, o "regresso aos mercados"... O Luiz Pacheco não acalentava ilusões: isto para ele estava visto. Temo que para muitos de nós também.

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