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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

"Tudo será luz"?

João Gonçalves 11 Ago 13

 

Há um mês grassava pelo "meio" o alvoroço provocado pela comunicação ao país do Senhor Presidente da República que apenas adiou por uns dias a entrada em vigor do "acordo do Tivoli". Depois de uns barulhos circunstanciais e de umas histórias pouco edificantes que a seu tempo se contarão, vivemos habitualmente neste doce país que é Portugal. São duas expressões caras ao Doutor Salazar que, ao contrário dos néscios de hoje, conhecia perfeitamente a raça que pastoreava. E neste doce país que é Portugal, com quase três mil famílias declaradas insolventes pelos tribunais, por exemplo, a taxa de ocupação hoteleira no Algarve ultrapassa os 80%, o FCP começou já por ganhar uma coisa chamada "supertaça", os telejornais só falam da bola e das indisposições de Mourinho com Ronaldo, dos restaurantes vazios que produzem "petiscos" e das vastas ignições florestais que martirizam quase sempre os mesmos nos mesmos lugares de solidão e abandono. Finalmente não será o extraordinário dr. Lima quem vai "salvar" a economia portuguesa mas antes os call centers: "é melhor do que a Índia ou o Norte de África, consideram as grandes multinacionais". O mesmo doce país ignora entretanto, e com inteira justeza, as eleições autárquicas que se avizinham e onde a pantomimice abunda. A abstenção, espera-se, será devastadora bem como os votos em branco. Os cartões serão invarialvelmente vermelhos e laranja para todos, quase sem excepões. Marcelo fala habitualmente logo à noite sem nada para dizer por entre as gargalhadinhas nervosas da dra. Judite. Devia seguir o exemplo do seu assistente académico Pedro Lomba e tirar umas merecidas férias. Nunca tive muita pachorra para o romancista Urbano Tavares Rodrigues. Para dizer nenhuma. Todavia aprecio o "seu" Teixeira-Gomes a que aludi algumas vezes aqui. Ontem, no meio deste lixo todo, comoveu-me o curto prefácio que Urbano escreveu para o último livro. «Daqui me vou despedindo, pouco a pouco, lutando com a minha angústia e vencendo-a, dizendo um maravilhado adeus à água fresca do mar e dos rios onde nadei, ao perfume das flores e das crianças, e à beleza das mulheres. Um cravo vermelho e a bandeira do meu Partido hão-de acompanhar-me e tudo será luz.» Parece impossível mas houve, neste doce país que é Portugal, pessoas assim. Tudo, de facto e algum dia, será luz?

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