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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A MALDIÇÃO

João Gonçalves 2 Out 10


O excelente canal arte comemora vinte anos de emissões. Esta noite transmitiu um Rigoletto presentemente em cena no Teatro La Fenice, de Veneza. O barítono Roberto Frontali fez o papel titular, o do pobre bobo da corte do duque de Mântua. E fez muito bem. Por isso não assisti a mais nenhuma manifestação cortesã nem a qualquer maldição, o título que Verdi ponderou antes de Rigoletto. Apenas vislumbrei, depois, noutro canal, o "nosso" duque refastelado em São Bento a perorar para a despenteada Judite de Sousa desta noite. Só mudaram os sofás. Pareceu-me.

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A CENTENÁRIA PAZ DOS CEMITÉRIOS

João Gonçalves 2 Out 10




Este interlocutor norte-americano de Medeiros Ferreira é cego de nascença ou de profissão? Recomende-lhe o Don Carlos, do Verdi, porque pode ser que ele não seja surdo.

LORPAS

João Gonçalves 2 Out 10



Há um ano, o país lorpa e embrutecido pela propaganda de Sócrates tirou-lhe quinhentos mil votos mas manteve-o. Daí em diante, Sócrates atirou-se naturalmente a mais propaganda e fez os lorpas ainda mais lorpas, fingindo governar. A prova disso é que, ao anunciar o que anunciou esta semana, o homem começou a conversa por um misterioso "é o momento para agir". A nenhum ou a nenhuma lorpa jornalista ocorreu perguntar-lhe em que mundo é que ele tinha vivido até à noite de 29 de Setembro (apenas Lobo Xavier, dos "quadratura", levantou a óbvia questão). E qual era, afinal, o mundo que ele vinha apregoando desde 2005. Esteve ele porventura interdito durante cinco anos para "agir"? Sofre de delírios intermitentes que o atacam mais nas tendinhas do betão ou do TGV perante o temor reverencial dos "jornalistas"? É um clone expelido pela dupla Almeida Santos- Ana Gomes, vindo de uma outra galáxia, que foi enviado para gozar com os lorpas que o apascentam? Dão-lhe tempo de antena por algum motivo terapêutico? Não se sabe. Fosse ele dotado de carácter e a conversa da noite de 29 de Setembro teria começado pela palavra fracasso como declaração prévia de interesses. Se o deixarem, haverá muitas mais noites como essa com a miserável complacência dos papagaios e dos paralíticos mentais. O país lorpa volta a falar nas presidenciais de Janeiro próximo. Alegre, esse pobre caçador apatetado e pusilânime, é o candidato do homem da noite de 29 de Setembro. Cavaco sugeria na última eleição que aquela era "a última oportunidade" antes do ciclo eleitoral de 2009. Nem uma nem as outras foram, como se vê. Agora não pode mesmo deixar de ser.

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Depois do livro da foto - o livro é de 1974 mas esta edição tem um prefácio de 2010 (era dispensável aquela coisa na capa da "edição do centenário da República") -, praticamente não se escreveu mais nada acerca do "5 de Outubro". Ou escreveu-se e não interessa. A ler, ou a reler, por estes dias.

«A República foi feita pela chamada "geração de 90" (1890), a chamada "geração do Ultimatum", educada pelo "caso Dreyfus" e, depois, pela radicalização da República Francesa de Waldeck-Rousseau, de Combes e do "Bloc des Gauches" (que, de resto, só acabou em 1909). Estes beneméritos (Afonso Costa, António José d"Almeida, França Borges e outros companheiros de caminho) escolheram deliberadamente a violência para liquidar a Monarquia. O Mundo, órgão oficioso do jacobinismo indígena, explicava: "Partidos como o republicano precisam de violência", porque sem violência e "uma perseguição acintosa e clamorosa" não se cria "o ambiente indispensável à conquista do poder". Na fase final (1903-1910), o republicanismo, no seu princípio e na sua natureza, não passou da violência, que a vitória do "5 de Outubro" generalizou a todo o país. Não admira que a República nunca se tenha conseguido consolidar. De facto, nunca chegou a ser um regime. Era um "estado de coisas", regularmente interrompido por golpes militares, insurreições de massa e uma verdadeira guerra civil. Em pouco mais de 15 anos morreu muita gente: em combate, executada na praça pública pelo "povo" em fúria ou assassinada por quadrilhas partidárias, como em 1921 o primeiro-ministro António Granjo, pela quadrilha do "Dente de Ouro". O número de presos políticos, que raramente ficou por menos de um milhar, subiu em alguns momentos a mais de 3000. Como dizia Salazar, "simultânea ou sucessivamente" meio Portugal acabou por ir parar às democráticas cadeias da República, a maior parte das vezes sem saber porquê. E , em 2010, a questão é esta: como é possível pedir aos partidos de uma democracia liberal que festejem uma ditadura terrorista em que reinavam "carbonários", vigilantes de vário género e pêlo e a "formiga branca" do jacobinismo? Como é possível pedir a uma cultura política assente nos "direitos do homem e do cidadão" que preste homenagem oficial a uma cultura política que perseguia sem escrúpulos uma vasta e indeterminada multidão de "suspeitos" (anarquistas, anarco-sindicalistas, monárquicos, moderados e por aí fora)? Como é possível ao Estado da tolerância e da aceitação do "outro" mostrar agora o seu respeito por uma ideologia cuja essência era a erradicação do catolicismo? E, principalmente, como é possível ignorar que a Monarquia, apesar da sua decadência e da sua inoperância, fora um regime bem mais livre e legalista do que a grosseira cópia do pior radicalismo francês, que o "5 de Outubro" trouxe a Portugal? (Adaptação do prefácio à 6.ª edição do meu livro O Poder e o Povo).»
Vasco Pulido Valente, Público

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