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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Esta amiguinha vai dourar a prateleira do alarve e desacreditadamente assim apelidado romance português contemporâneo? O Píndaro já deve estar a dar uma volta nas suas belas cinzas.

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NO MEIO DA INDECÊNCIA

João Gonçalves 9 Jun 10

Pacheco Pereira está a pagar a factura de ter permanecido numa comissão parlamentar que, desde o primeiro dia e graças à matéria mole de que é feito o respectivo presidente, estava vocacionada à gestação de um rato. Para além dessa matéria mole, salvo ele, Pacheco, a comissão não se distinguia pela audácia, pela coragem ou pela subtileza. O dr. Semedo, o relator do BE, parece um inofensivo "joão semana", as meninas do PSD (ou os rapazolas do PC e do CDS) não inspiram um módico de confiança e os do PS, pela natureza deles, nenhuma. Enfim, um conjunto de cegos de profissão e não de nascença. Pacheco tem manha mas não a suficiente ou a adequada na concorrência com o vetusto e veterano Amaral que se agarra ao parlamento, desde o Estado Novo, como gato a bofe. Com tantos livros e papéis maravilhosos para arrumar, o que é que V., José Pacheco Pereira, continua a fazer no meio dessa indecência complacente?

COMEÇA BEM

João Gonçalves 9 Jun 10


Alegre, com longos meses pela frente sem que Cavaco lhe dê troco, foi já buscar duas pequenas pérolas socialistas para mandatários. Maria de Belém é a "nacional" e Daniel Sampaio é o de Lisboa. Por respeito à memória do pai, não refiro o da juventude. Belém, nem sempre tal é notado, é um produto macaense e emergiu com o bonzinho Guterres. Com aquela vozinha irritante, é torta que se farta. Não ficou com saudades do referido bonzinho que, para o fim, lhe arranjou um cargo improvável como "ministra da igualdade" e que a removeu assim que percebeu a inutilidade do exercício. Tem a vantagem de não morrer de amores por Sócrates. Quanto a Sampaio, é politicamente raso e vive há muitos anos num condomínio fechado em Marte, rodeado por meninos e meninas que não levaram a competente chapada na altura certa. Começa bem.

A MÃO QUE EMBALA O BERÇO

João Gonçalves 9 Jun 10

O PSD prossegue na prosaica tarefa de muleta negra do governo no que toca ao piorio aprovado no parlamento. A ironia da coisa é que o rosto desse piorio não deixa de ser o de Sócrates. E que será este a pagar a factura na altura devida, não tão longínqua quanto isso. Tão jovem, tão cândido, tão bem educado e já tão perverso, dr. Passos. Todavia, parece que está no bom caminho. Basta ler o corporativo "pravda" da blogosfera que tanto faz de "ine" quanto destila o seu bafo de onça para cima do aliado de circunstância. Eles lá sabem porquê.

MESMA COISA

João Gonçalves 9 Jun 10

O levantamento da imunidade parlamentar a este estafermo político é o menos. O mal é terem de o pedir porque ainda é deputado. Os que o sustentam têm tanta vergonha na cara como ele. É tudo sinal da mesma coisa.

O OMBRO DE NANI

João Gonçalves 9 Jun 10


Não faço a menor ideia quem seja Nani. Mas deve ser alguém importante por causa do ombro. Consta que o partiu e que daí sucederam-se comoções várias, dentro e fora do país. Tal ombro dará pano para mangas aos comentadores - da política e da bola que são uma e a mesma coisa - e, seguramente, as televisões não nos pouparão em detalhes. Abençoado seja, pois, o ombro de Nani, talismã provisório do regime até ao próximo e assim sucessivamente.

Adenda: Os jornalistas que estão na África do Sul - sobretudo os instalados num improvável hotel no meio de nenhures -, deviam ir a correr ler Disgrace do sul-africano J. M. Coetzee. Já estavam num avião de volta.

Adenda2 (de leitor felizmente compulsivo e impressivo): «O Dr. Gonçalves é que não parece habituado a estas coisas - daí "não saber" quem é Nani. Elas agora passam à primeira página. Mas sempre cá estiveram, com incontornável importância: o tendão-de-aquiles de Pauleta; a pubalgia de Couto; a entorse de Petit; a rótula de Mantorras, o ombro de Nani, etc. No caso específico da rótula de Mantorras - drama de folhetim que se arrastou anos como o "Mistério da Estrada de Sintra" - até se especulava se não teriam retirado peças a Eusébio para transplante.»

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COUTO VIANA (1923-2010)

João Gonçalves 9 Jun 10


Couto Viana foi praticamente proscrito pelo "cânone" poético oficioso que se auto-instaurou depois do "25 de Abril". Talvez alguma gente nova, porventura menos analfabeta funcional, o venha agora ler sem o habitual preconceito comadrista ou, coisa ainda mais reles, o político. É certo que, num verso provavelmente polémico, Viana dizia-se fascista. Assim mesmo, sem aspas, para descaso dos bonzos alegro-progressistas. Tanto bastou para, apesar de uma vasta obra coligida pela Imprensa Nacional, dele se terem "esquecido". Passou os últimos anos na Casa do Artista. Recomenda-se Café de Subúrbio, de 1991, ou Restos de Quase Nada e Outras Poesias, de 2006. No primeiro, o poeta contempla a «verdadeira morte, onde nenhum desejo bate, nenhuma idealização ou insurreição brota, aquela que provoca «passos de repente apressados» em direcção ao extermínio, ao pior de todos, esses que submete «à pobre vida, à inútil vida.» (Joaquim Manuel Magalhães) E aí, continua JMM, «pressente-se ser (...) esta mesquinhez pequeno-burguesa aqui olhada um dos principais factores de aniquilação da vida - grosseira, maldizente, bronca, submetida -, capaz apenas de fomentar uma «pobre vida», uma «inútil vida» que constitui a "realidade" dos versos daquele livro e, em geral, de uma atitude aristocrática face ao quotidiano. Do segundo, apenas este poema, intitulado Lá para o fim:

Já não frequento o café
Nem de subúrbio, nem de cidade:
A minha vida, agora, é
Uma bengala e a saudade.

Perdi interesse pela evasão.
O rodear-me de nova gente.
Ganhei o gosto por outro pão
Mais indicado para o meu dente.

Nenhuma escrita já é memória.
Já não me perco por qualquer lado.
Deixei o nome na sua glória.
Deixei o corpo no seu pecado.

Fluía o verso. Mas, hoje, estanca
Ante uma alma de austero porte.
Foi rosa rubra. É rosa branca.
Que imaculada lhe seja a morte.


Jorge de Sena, insuspeito, salientou "o apurado equilíbrio dos seus versos" e a "auto-ironia". António Manuel Couto Viana morreu ontem. Tinha 87 anos.

Adenda: Este Letria, agora na SPA, veio verter lágrimas de crocodilo e não resistiu à vulgaridade no fim do comentário. «Cioso do detalhe, foi um homem que trabalhou a memória da poesia e foi um poeta de grande mérito que voltou a ter destaque na última década e meia, porque o seu percurso foi sempre discreto por razões ideológicas, por ser um homem de direita.» Por ser "um homem de direita" como ser um homem de direita fosse uma deficiência. Em compensação, Letria "evoluiu" do PC para o PS, ao lado daquele notável maire de Cascais, o Judas do betão, e lá prosperou como vereador da "cultura". Mais valia ter estado calado como alguns seus "colegas" versejadores - no sentido do "colega" da tropa - adequadamente ficaram.

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