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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

PODER INCULTO

João Gonçalves 16 Jul 09

Num país recentemente enxameado de "politólogos", repare-se na actualidade destas palavras de Francisco Lucas Pires (este, sim, era a sério) escritas em 1978. «O poder em Portugal tem sido sempre muito mais familiar e muito mais inculto – pelo menos do ponto de vista político – do que é normal.»

DE "LUGAR-COMUM" A "MOTOR DA ECONOMIA"

João Gonçalves 16 Jul 09

Francisco José Viegas traz-nos de volta, para além dele mesmo (o que se saúda), o "João Tiago". Sucede que o "João Tiago" é, nem mais, nem menos que o porta-voz do PS. Só é novo em idade porque até consegue ser mais confrangedor do que Vitalino. É este em muito mau o que não deixa de ser um elogio a Canas. Pois o nosso "João Tiago" - o PS do admirável líder - pretende "reforçar o poder de compra" da classe média que considera "o motor da economia". Ora o "João Tiago" não fez o trabalho de casa. Em 2006, numa célebre viagem a Moçambique onde, na prática, deu Cahora Bassa ao senhor Gebuza, Sócrates protagonizou uma reportagem do Público, efectuada no avião. Lá pelo meio pronunciou-se sobre a classe média que, agora, mandou o "João Tiago" venerar a bem do dia 27 de Setembro próximo. O texto está no livro Portugal dos Pequeninos, ali à direita. «A melhor frase produzida por Sócrates é esta e denuncia o inconsciente autoritário do chefe do governo: «O que é isso da classe média, a não ser um lugar-comum?». Pois é, senhor engenheiro. V. Exa. devia saber que foi justamente esse "lugar comum" que lhe deu a vitória nas legislativas e é esse "lugar-comum" que V. Exa. vem metodicamente enterrando enquanto "mestre das escaramuças", como lhe chamou António Barreto. Será, aliás, esse "lugar-comum" que o "enterrará", a si, em devido tempo.» Já faltou mais.

DO INTERESSE PÚBLICO

João Gonçalves 16 Jul 09

O Tribunal de Contas declarou "ruinoso" para o Estado - ou seja, para os contribuintes - o famoso "alargamento" (espaço e contrato prorrogado por vinte e sete anos para o "terminal de Alcântara") a favor de uma empresa do "universo" Mota-Engil do engenhoso dr. Jorge Coelho. Concordo com Miguel Sousa Tavares, o comentador político. Se se partir do princípio que o Tribunal de Contas, na pessoa do seu presidente, não é um mero "verbo de encher", o admirável 1º ministro devia demitir imediatamente o simpático eng. º Lino e a sua dupla de secretários de Estado, Campos júnior e a ambiciosa Ana Paula Vitorino. Não estão manifestamente à altura do interesse público que deviam representar.

SEM ISMOS

João Gonçalves 16 Jul 09


Ao contrário do dr. Jardim (que introduziu um ruído perfeitamente inútil nesta altura do campeonato não fosse a gente esquecer-se dele...), julgo que a Constituição não deve proibir ideologias. Nem o fascismo, nem o comunismo nem outro "ismo" qualquer. O que na Constituição deve mudar é o sistema político, reforçando-se o papel do PR - isto é, acabar com o semi-parlamentarismo de chanceler em vigor -, o sistema económico (que não precisa de tantas "disposições"), o sistema judicial (onde a única magistratura deveria ser a judicial e onde o PR passasse a nomear o PGR) e o sistema de reservas absolutas e relativas de poderes (que acompanhasse a presidencialização do regime e o inerente poder de convocar referendos). Metade ou menos de metade do presente articulado chegava.

«SOBRETUDO NO PSD»

João Gonçalves 16 Jul 09

«Existe um dado com que muitos, sobretudo no PSD, não contaram: Manuela Ferreira Leite parece estar a gostar de ser líder. A septuagenária, como ainda há pouco lhe chamavam, está mais livre que a maior parte dos seus colegas de partido: já fez profissionalmente o que tinha a fazer e, ao fim de todos estes anos na política, não deve temer que lhe vasculhem o passado. Ser líder pode ser não o valiosíssimo serviço que alguns esperavam que lhes prestasse, mas sim o projecto de quem, pessoalmente, não tem nada a perder.»

Helena Matos, Público (via Povo)

PS, O PARTIDO SUPERFÍCIE

João Gonçalves 16 Jul 09



«As duas cores e sua arrumação não só indiciam a bandeira nacional como colocam Sócrates no centro da bandeira, no lugar da esfera armilar dourada: Sócrates regressa, pois, neste cartaz como o "menino de ouro" - e não só do PS mas de Portugal.(...) Marcos Perestrello surge só como manequim, ou modelo, ou actor de quem se mostra a cara. O principal "billboard" de Perestrello utiliza um plano de pormenor que nos coloca a uma distância simbólica ínfima do fotografado. O plano de pormenor de caras é raro em cartazes (usa-se muito em telenovelas). (...) Neste campanha Perestrello é o Brad Pitt do PS, o plano de pormenor aproximadíssimo tem a ousadia de o apresentar ainda mais belo que o actor. A superficialidade da política chega aqui à flor da pele.»

Eduardo Cintra Torres, Jornal de Negócios

O FARSANTE NA SUA FANTASIA

João Gonçalves 16 Jul 09

Se fosse de esquerda, sentir-me-ia vexado pelas palavras do secretário-geral do PS aos membros da seita de Lisboa. Sócrates acha que ele - e os seus lugar-tenentes como António Costa - representa a esquerda e que deve ser "fortalecido" por causa disso. Apela, sem vergonha, ao voto útil das esquerdas na sua admirável pessoa depois de quatro anos de insultos, de arrogância pueril e de apoucamento. Não percebeu que as esquerdas preferem o original a uma fotocópia de ocasião, meramente oportunista, sem nada por baixo. Sócrates vai pagar - à esquerda e à direita - a factura da farsa que andou a alimentar. Perderá para a esquerda e para a direita. A fantasia que ele representa está, pois, a chegar ao fim. Os militantes da seita que ainda são de esquerda que lhe expliquem porquê.

Adenda: Por falar em fantasia. «O porta-voz do ministério das Finanças [Vítor Constâncio] acabou por se tornar numa figura menor que, neste momento, incomoda já o próprio Governo. Só ele, na sua megalomania, é que ainda não percebeu que é um triste símbolo de um ciclo que terminou.»

KARAJAN

João Gonçalves 16 Jul 09



Em tempos sombrios, de pigmeus insignificantes, recordar a grandeza de Herbert von Karajan no vigésimo aniversário da sua morte é um serviço público. Não era, naturalmente, um democrata. Porquê? Porque, como se explica neste notável post, «se há área onde a democracia não funciona é na direcção de uma orquestra; esta toca como um todo, sujeita à orientação de quem a conduz e servindo uma determinada interpretação da obra em causa, e nem poderia ser de outra maneira, sob pena de produzir uma peça híbrida e esteticamente ilegível.» De resto, Karajan permanece como «um dos mais notáveis maestros do século XX, que dirigiu a Orquestra Filarmónica de Berlim durante trinta e cinco anos.» Se me permitem, o maior.

Clip: 1º andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven. Berliner Philarmoniker

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